Por Danielle Cardoso
25/05/2016 - Fortaleza
Olá, pessoal! O tema de hoje não é nada fácil de tratar. De cara, já vou logo perguntando: você se considera normal? Se sim, que padrões você segue para se considerar assim? E todos que são diferentes de você são anormais? Vamos refletir sobre estas e outras questões que sempre me intrigam. Vem pensar comigo?!
Há quase dois meses, um vídeo “bombou” na internet. Era a entrevista de André Lodi, um adolescente filho de duas mães, que aconteceu no programa “Altas Horas” (Rede Globo). O garoto simplesmente deu um show em suas respostas e, principalmente, quando alguém da plateia insinuou que não achava a sua família normal, por ser constituída por duas mães. Quando terminei de ver o vídeo, uma pergunta veio, imediatamente, à minha cabeça: o que é normal, nos dias de hoje? Pessoas que são a favor da família tradicional criticaram o garoto e, aí, acabei me posicionando no Facebook. É um direito seu defender a família tradicional e não vou discutir com você, mas seu direito acaba quando começa a prejudicar, de forma preconceituosa, o direito de liberdade do outro de ter o núcleo familiar que for.
Bem, você deve estar se perguntando por que estou falando disso e o que isso tem a ver com a coluna. Simples! Comecei a me questionar se sou normal, porque acho que, para me posicionar, tenho que, primeiramente, me colocar no lugar do outro. A conclusão a que cheguei foi que, dentro de uma sociedade conservadora e hipócrita, não sou e não quero ser normal! A normalidade me cansa, é chata e tenho tudo para ser considerada “anormal”: sou mulher, deficiente, esquerdista, criada só por minha mãe, "de humanas". Eu não tenho autoridade nenhuma para classificar quem ou o que é normal, só sei que, se você me chamar de anormal, não vai me ofender.
Já disse aqui, em meu primeiro texto, que, às vezes, acho que sou uma E.T. Isto porque, mesmo estudando no CH da UECE, que tem uma diversidade linda, as pessoas se assustam em ver meus movimentos e se afastam por conta da minha cadeira de rodas. Mesmo com o número crescente de deficientes no Brasil, é espantoso ver um cadeirante sair, estudar, formar família. Assim acontece com o negro, a mulher (que deve ser bela recatada e do lar, risos), o homossexual, o pobre e por aí vai. Parece que é errado dar vez e voz para estas pessoas. Tudo isso porque a tal da normalidade, construída socio-historicamente, não deixa as pessoas verem as diferenças com naturalidade. Já pensou se todo mundo fosse igual, pensando a mesma coisa e vivendo do mesmo jeito?! Que chato seria, não é mesmo?
Vivemos numa democracia, na qual, perante a lei, somos todos iguais. No entanto, isso não significa que seja ao pé da letra, não significa que eu pense, fale e me comporte igual a você. Isso significa que tenho os mesmos direitos e deveres que você, que, perante a lei, devemos ser tratados com isonomia e que devemos nos respeitar. Na prática, infelizmente, não é o que acontece. Os menos favorecidos têm de lutar para estudar, trabalhar. É isso que faço todos os dias.
De longe, todos são “normais”, mas, de perto, ninguém é! Antes de criticar e discriminar aquele que é diferente de você, olhe-se no espelho e veja que você também é diferente, você também tem limitações e também quer respeito. Alegre-se, você é único! Respeite, pois só assim vão te respeitar! O bom é viver a diversidade da vida, pela qual sou apaixonada, não há nada melhor do que aprender com o outro. Se todos entendessem que ser diferente é normal, o mundo seria muito melhor! Pensem nisso e até a próxima!
Os textos assinados e os pensamento expressados neles são de inteira responsabilidade de seus autores e não necessariamente representam a opinião do blog Letras Na UECE.
Sou Danielle Cardoso, graduanda do curso de Letras Português – Bacharelado da Universidade Estadual do Ceará (UECE) e estagiária do Laboratório de Inclusão da Secretaria do Trabalho e do Desenvolvimento Social (STDS). Sou cadeirante, pois tive Paralisia Cerebral ao nascer, o que afetou meus movimentos e minha dicção, mas não minha vontade de vencer.
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